Quem Jesus disse ser? "O Filho do Homem"

Ocasionalmente me deparo com alguém que me pergunta: "Jesus afirmou mesmo que era Deus?"

Durante todas as narrativas dos Evangelhos, vemos que Jesus tinha um conhecimento e uma compreensão de si através dos títulos que Ele utilizou quando falava. Jesus por vezes afirmou ser o Messias, o Filho de Deus e o Filho do Homem.

Quando vamos falar acerca de Jesus, nenhuma referência pode ser mais apropriada do que aquelas que Ele mesmo fez de si, assim, vamos analisar um pouco um título tão incompreendido que Jesus utilizou: "O Filho do Homem".

"Filho do Homem" é, disparado, o título que Jesus mais usa para se definir. Ele pode ser encontrado nos Evangelhos em um total de oitenta vezes, o que garante uma altíssima probabilidade, mesmo para aqueles que acreditam que a Bíblia pode conter erros, que Jesus realmente se denominava desta forma.

Além disso, esse título só aparece fora dos Evangelhos em duas passagens do Novo Testamento (At 7:56 e Ap 1:13) o que serve de prova de que este não foi algum título posterior que teria sido acrescentado aos Evangelhos pela tradição cristã. Podemos afirmar, sem dúvidas que este foi um título próprio de Jesus, pois até mesmo os discípulos o confessavam como sendo o Messias ou o Filho de Deus, mas nunca como o Filho do Homem. Esse é um título que saía somente da boca do próprio Cristo.

A questão então é: o que Jesus queria dizer? Qual o significado real deste título?

Não raramente encontro pessoas que dizem que este título nada mais significa do que "um homem comum" ou "um filho de um homem" removendo assim qualquer atribuição divina ao título. Há um erro enorme nessas afirmações.

Jesus não utilizou a expressão "um filho de homem", Ele, de fato utilizou a sentença com artigo definido, "O Filho do Homem" (em grego: ho huios tou anthropou).

ὁ (ho) - artigo definido masculino singular do caso nominativo;
υιὸς (huios) - filho, descendente;
του (tou) -  artigo definido masculino singular do caso genitivo;
ἀνθρώπου (anthropou) - nominativo masculino genitivo para "ser humano".

 Existia uma razão para Jesus ser tão específico e tão enfático neste título, Ele estava fazendo uma referência direta para a profecia contida em Daniel 7:13-14.

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele.

E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.

Jesus relaciona a Si mesmo como sendo a pessoa identificada por Daniel em suas visões: uma figura divino-humana e que possui sobre si o domínio e o poder de julgamento sobre todas as coisas. Não há meio-termo na compreensão deste título. É um reinvidicação absoluta de divindade onde Jesus demonstra o seu senso de autoridade de uma forma insuperável.

Títulos como "Messias", "Filho de Deus" ou "Filho do Homem" podem até serem objeto de discussão por não implicarem, necessariamente numa conotação de divindade, mas a forma como Jesus os empregou, o modo como Ele fez uso destes títulos, fez com que eles fossem completamente moldados de acordo com a compreensão que Jesus tinha de Si mesmo. A Sua convicção de que Ele era o Filho do Homem profetizado por Daniel, Aquele que se assentará à direita de Deus.

A partir de agora, se alguém perguntar pra você se Jesus afirmou ser Deus, você já pode responder, sem dúvidas e com toda a certeza que sim.