PERGUNTA: Minha fé ficou realmente abalada com a suposta descoberta do túmulo da família de Jesus. Digo a mim mesmo que na verdade não foi isso, mas a dúvida torturante persiste. Por favor, me ajude!
DR. CRAIG RESPONDE: Devo confessar que fiquei um pouco surpreso com a sua pergunta. A minha impressão é que a maioria das pessoas percebeu o real significado do clamor sensacionalista sobre a descoberta do túmulo da família de Jesus e deixou isso para lá. O túmulo de Talpiot, como disse um de meus colegas, “já se passou por ele faz quase cinco minutos”.
Permita-me dizer, desde o início, que você precisa entender a realidade. Quais acha que sejam de fato as possibilidades de o túmulo de Talpiot ser mesmo o da família de Jesus? O documentário de Cameron alega que a probabilidade seja de 600 para um, com base na suposição de que o túmulo de Jesus seja um dentre os mil sepulcros descobertos até agora em Jerusalém. Mas é evidente que essa suposição é alvo de controvérsia e é, de cara, altamente improvável.
Suponha que você fosse forçado a apostar a hipoteca da sua casa na probabilidade de o túmulo de Talpiot ser ou não a sepultura da família de Jesus. Se acerta, você não perde a sua casa, se erra, perde a casa e é jogado no olho da rua. Agora, qual seria a sua aposta? Será que alguém, até mesmo James Cameron, apostaria para valer que esse é o túmulo de Jesus? Será que realmente você iria contra a opinião da maioria esmagadora dos eruditos — inclusive contra arqueólogos israelenses não cristãos — que chamou essas alegações de disparates e apostaria que eles estão errados? Você ignoraria a sua própria inclinação para “farejar o dinheiro” e abafaria a suspeita de que Cameron e seus amigos prestaram atenção na notoriedade e riqueza que favoreceram Dan Brown como resultado do Código Da Vinci? Você acredita mesmo que esse é o túmulo de Jesus? Apostaria a sua casa nisso?
Se não, então qual é o problema? A probabilidade é que esses clamores sensacionalistas são falsos. Portanto, seria imprudente dar ouvidos a eles.
E, de fato, quando se examinam de perto essas alegações, elas não resistem a uma investigação. Em primeiro lugar, há pouca evidência que as recomende. Qual é a evidência de que o túmulo de Talpiot seja a sepultura da família de Jesus? A única evidência é a improbabilidade de os nomes gravados no ossuário estarem associados a alguém que não seja Jesus de Nazaré. Mas é só isso que é improvável?
Em primeiro lugar, sequer está claro que o nome gravado no ossuário seja “Jesus”. Eis um fac-símile da inscrição:
Permita-me dizer, desde o início, que você precisa entender a realidade. Quais acha que sejam de fato as possibilidades de o túmulo de Talpiot ser mesmo o da família de Jesus? O documentário de Cameron alega que a probabilidade seja de 600 para um, com base na suposição de que o túmulo de Jesus seja um dentre os mil sepulcros descobertos até agora em Jerusalém. Mas é evidente que essa suposição é alvo de controvérsia e é, de cara, altamente improvável.
Suponha que você fosse forçado a apostar a hipoteca da sua casa na probabilidade de o túmulo de Talpiot ser ou não a sepultura da família de Jesus. Se acerta, você não perde a sua casa, se erra, perde a casa e é jogado no olho da rua. Agora, qual seria a sua aposta? Será que alguém, até mesmo James Cameron, apostaria para valer que esse é o túmulo de Jesus? Será que realmente você iria contra a opinião da maioria esmagadora dos eruditos — inclusive contra arqueólogos israelenses não cristãos — que chamou essas alegações de disparates e apostaria que eles estão errados? Você ignoraria a sua própria inclinação para “farejar o dinheiro” e abafaria a suspeita de que Cameron e seus amigos prestaram atenção na notoriedade e riqueza que favoreceram Dan Brown como resultado do Código Da Vinci? Você acredita mesmo que esse é o túmulo de Jesus? Apostaria a sua casa nisso?
Se não, então qual é o problema? A probabilidade é que esses clamores sensacionalistas são falsos. Portanto, seria imprudente dar ouvidos a eles.
E, de fato, quando se examinam de perto essas alegações, elas não resistem a uma investigação. Em primeiro lugar, há pouca evidência que as recomende. Qual é a evidência de que o túmulo de Talpiot seja a sepultura da família de Jesus? A única evidência é a improbabilidade de os nomes gravados no ossuário estarem associados a alguém que não seja Jesus de Nazaré. Mas é só isso que é improvável?
Em primeiro lugar, sequer está claro que o nome gravado no ossuário seja “Jesus”. Eis um fac-símile da inscrição:
É possível distinguir as palavras “filho de José”

Em segundo lugar, “Jesus, filho de José” era tão comum na Judeia que se calcula que um de cada 79 homens naquela época recebia o nome de Jesus, filho de José! Semelhantemente, “Maria” era o nome próprio judaico mais comumente dado às mulheres naquela época; uma, em cada quatro mulheres, recebia o nome de Maria.
Em terceiro lugar, Maria Madalena não era chamada de “Mariamne” nem “Mariamenon” (nome gravado no ossuário); o seu nome era Maria. Somente no livro apócrifo Atos de Felipe, forjado em 400 d.C., “Mariamne” é usado possivelmente para se referir a ela (caso não se refira a Maria de Betânia). Cameron alega implausivelmente que o nome “Mara”, que se segue ao nome gravado no ossuário, seja a transliteração grega da palavra aramaica para “mestre”. Na verdade, é um apelido comum para “Marta”. Uma vez que “Mariamenon” está no caso genitivo, a inscrição poderia significar Marta de Mariamenon (ou seja, Marta filha de Mariamenon) ou Mariamenon também chamada Marta. Não há fundamento para se recorrer à transliteração do aramaico.
Em quarto lugar, a evidência do dna mostra no máximo que Jesus (caso seja esse o nome) e Mariamenon não tinham a mesma mãe, mas poderiam ser primos, meio-irmão e irmã, etc. Considerando-se que é uma sepultura usada por várias gerações, não há por que imaginar que fossem da mesma geração. Além disso, uma vez que os dez ossuários continham ossos de mais de 17 pessoas, nem mesmo sabemos de qual delas se testou realmente o dna.
Por fim, os outros nomes “Matia” e “Joseh” não têm nenhuma conexão com Jesus de Nazaré. Não há base para considerá-los como variantes dos nomes de Mateus, discípulo de Jesus (de quem, em todo caso, não era parente) ou de Joses, irmão de Jesus. No mínimo, esses nomes servem de evidência contra a identificação desse Jesus com Jesus de Nazaré. Cameron alega que o célebre ossuário de Tiago, roubado do túmulo de Talpiot, é falso, uma vez que ficou conhecido em meados da década de 1970, antes mesmo da sepultura ter sido aberta.
Portanto, é só isso. Simplesmente não há muito por que imaginar que essa sepultura tenha pertencido à família de Jesus de Nazaré.
Por outro lado, a evidência contra a identificação do túmulo de Talpiot com a sepultura de Jesus de Nazaré é bastante forte. Num caso desses, há dois tipos de evidências históricas que interagem: a evidência literária e a evidência arqueológica.
Temos notavelmente abundante evidência literária da vida de Jesus, na forma dos Evangelhos, das cartas de Paulo e de outras fontes antigas. Temos também alguma evidência arqueológica que dá testemunho da vida de Jesus, como as ruínas do tanque de Betesda em Jerusalém, o alicerce da casa de Pedro em Cafarnaum, o ossuário do sumo sacerdote Caifás, a inscrição com o nome e o título de Pilatos, e assim por diante. Obviamente, a evidência testemunhal proporcionada pelas fontes literárias a favor da vida de Jesus é incomparavelmente mais rica do que a evidência arqueológica. À parte da evidência literária, por exemplo, nada ou quase nada saberíamos sobre Pôncio Pilatos, o governador provincial romano que sentenciou Jesus à execução.
As reivindicações sensacionalistas, feitas por Cameron e outros a favor do túmulo de Talpiot, lembram-nos que a evidência arqueológica, como também a evidência literária, precisa ser interpretada. Seu sentido não pode ser percebido à primeira vista. A evidência arqueológica, de modo particular, precisa ser avaliada à luz da evidência literária. Assim, por exemplo, se o teste de dna revelasse que a pessoa cujos despojos estavam guardados no ossuário em que estava inscrito “Judá, filho de Jesus” fosse filho de Jesus e Mariamne, seria, então, a prova definitiva de que o túmulo de Talpiot não é a sepultura de Jesus de Nazaré, uma vez que dispomos de evidência literária esmagadora de que Jesus de Nazaré não era casado, mas preferiu permanecer celibatário. Temos fontes variadas, antigas e independentes que são unânimes em descrever Jesus como celibatário. Caso Jesus tivesse deixado após si uma viúva na igreja primitiva, então é quase inconcebível que não houvesse nenhuma menção a respeito dela em nenhum lugar das fontes. Especialmente importante é o fato de que Paulo, ao justificar seu direito de ser acompanhado em suas viagens por uma esposa, apela para o exemplo de Pedro, dos outros apóstolos e dos irmãos mais novos de Jesus (1Co 9.5). O que falta de maneira notável é um apelo ao exemplo do próprio Jesus, que teria servido de argumento arrasador a favor do ponto defendido por Paulo. Quase todos os eruditos, portanto, concordam que Jesus de Nazaré preferiu o celibato ao casamento.
No entanto, caso seja assim, então aquele Jesus cujos ossos estavam sepultados no túmulo de Talpiot, se tivesse ele um filho chamado Judá, não poderia ter sido o Jesus de Nazaré.
Identificar o túmulo de Talpiot como sepultura da família de Jesus entraria em choque com outros fatos solidamente estabelecidos pela evidência literária. Por exemplo, a evidência literária informa-nos que Jesus era da Galileia, portanto não teria existido em Jerusalém uma sepultura familiar na qual ele poderia ter sido sepultado após a crucificação. Além do mais, a maioria dos especialistas considera como histórico o enterro de Jesus realizado por José de Arimateia, membro do sinédrio judaico, no final do dia da crucificação de Jesus. A maior parte dos estudiosos acredita também que o túmulo foi encontrado vazio por um grupo de discípulas de Jesus na manhã do domingo seguinte à sua crucificação. (Para o conhecimento das múltiplas linhas de evidências que sustentam esses fatos, consulte meu artigo The Son Rises [O Filho ressurge] ou Assessing the New Testament Evidence for the Historicity of the Resurrection of Jesus [Investigando a evidência do Novo Testamento a favor da historicidade da ressurreição de Jesus]). Esses fatos são sobejamente atestados pela evidência literária.
Então, como deveremos reinterpretar essa evidência literária na hipótese de o túmulo de Talpiot ser a sepultura da família de Jesus? Devemos concluir que o testemunho dessas múltiplas fontes independentes esteja simplesmente errado? Caso esteja, como isso é possível? Se Jesus tinha uma sepultura familiar em Jerusalém, como se explicaria o testemunho unânime de que ele era da Galileia? Se o cadáver de Jesus fosse sepultado num túmulo familiar em Jerusalém, se a sua viúva e o seu filho ainda estavam lá, então, como se explicaria o testemunho unânime do seu sepultamento realizado por José de Arimateia e a descoberta do seu túmulo vazio? De fato, de onde surgiu afinal a crença na sua ressurreição? Como seria possível um movimento cristão, inaugurado com base na crença da sua ressurreição, começar e prosperar em Jerusalém diante do fato de um túmulo que continha o seu cadáver, cuja localização seria conhecida, já que sua viúva e seu filho foram depois sepultados lá juntamente com ele? Lembrem-se: a descrição do sepultamento de Jesus realizado por José de Arimateia e a descoberta do seu túmulo vazio estão atestados já na fonte material de Marcos concernente ao relato da Paixão e, portanto, desde muito cedo — e isso para não mencionar a alusão de Paulo a ambos os casos em 1Coríntios 15.3-5. Simplesmente não faz sentido afirmar que esses relatos surgiram e foram cridos pelos cristãos primitivos quando se sabia que o túmulo de Jesus estava lá em Jerusalém.
Parece, portanto, que o entusiasta do túmulo de Talpiot tem de dizer que a sepultura de Jesus era um segredo conhecido somente de uns poucos seletos, os quais desencaminhavam de modo deliberado todos os demais a pensarem que ele tinha ressuscitado dos mortos. Pode ser que eles tenham roubado o cadáver do túmulo depois de José tê-lo deixado lá, e por isso as mulheres o encontraram vazio. O corpo foi depositado num lugar secreto, conhecido somente por alguns indivíduos seletos. Até mesmo Maria, sua esposa, talvez tenha sido mantida no escuro acerca do lugar onde Jesus fora enterrado. Mais tarde, quando ela morreu, seu corpo também foi colocado lá, de sorte que a sepultura se tornou o túmulo da família de Jesus. Desse modo, é possível preservar a integridade da evidência literária e ao mesmo tempo considerar verdadeiras as reivindicações sensacionalistas sobre o túmulo de Talpiot!
O problema agora é que voltamos, obviamente, a cair nas fantásticas teorias de conspiração do deísmo do século 17. Não importa que o túmulo de Talpiot fosse evidentemente um local de sepultamento público e claramente indicado. A questão predominante é que, para forçar a harmonização da evidência literária com a hipótese da sepultura familiar, se tem de recorrer às teorias da conspiração dessa história, o que nenhum historiador se animará a fazer. As teorias de conspiração da ressurreição de Jesus são construídas sob medida, de forma implausível e anacrônica. A situação dos discípulos é vista pelo espelho retrovisor da história cristã, e não do ponto de vista do discípulo judeu do primeiro século, cujo Messias eleito tinha acabado de ser crucificado.
Uma vez mais, a questão é que a evidência arqueológica não traz seu significado às claras, antes precisa ser interpretada, especialmente à luz da evidência literária. Nesse caso, os desvios na evidência literária são tão fantásticos que é razoável supor que a evidência arqueológica tem sido gravemente interpretada de modo errôneo por Cameron e seus colegas.
Com muito pouco para recomendá-la e forte evidência literária a contrariá-la, a hipótese de que o túmulo de Talpiot seja o sepulcro da família de Jesus é historicamente imprestável. Por isso, para início de conversa, é bem provável que seus proponentes não estejam interessados em benefícios históricos.
Originalmente publicado como: "Supposed Discovery of Jesus' Family Tomb".
Traduzido por Marcos Vasconcelos. Revisado por Cristiano Camilo Lopes e Felipe Cruz de Melo.
Dr. Craig Responde: E a suposta descoberta do túmulo da família de Jesus?
ResponderExcluirchega a ser inacreditável como algumas pessoas abandonam a fé tão rapidamente e tão "bestamente", basta um cara dizer algo sem a menor prova científica, nem histórica, nem literária que já abandonam a fé. algumas pessoas foram convencidas e n convertidas.
ResponderExcluirFantástico, meu irmão. Você conseguiu de uma forma simples reduzir todo o pensamento.
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