Os ateístas modernos veem o ateísmo como
justificável e científico enquanto o Cristianismo é descartado como um
pensamento ansioso. Ciência e razão têm nos livrado da autoridade
religiosa dogmática e da ignorância da fé cega, eles dizem. “Deus” como
um conforto para o medroso e a explicação de todas as coisas para a
mente simples não é mais necessário. A Ciência expôs esta muleta
conveniente como mera fantasia. Pessoas sensatas examinam os fatos do
universo para tirar conclusões científicas, deixando a noção obsoleta de
um Deus soberano nas prateleiras de livros com outros contos de fadas.
No nosso breve estudo, portanto, iremos examinar as
alegações “sensatas” e “científicas” do ateísta e do agnóstico
comparadas à fé “insensata” e “cega” dos Cristãos. Poderia o reverso
realmente ser verdade? Poderia ser que a fé Cristã não é nem cega nem
insensata, enquanto os melhores argumentos do ateísmo e agnosticismo
serem construídos de passos sem base, de uma fé cega?
Os resultados poderão surpreendê-lo.
Respondendo ao Ateísta
Capítulo Um: As Alegações Gerais do Ateísta
A Natureza e o Objetivo da Alegação do Ateísta relacionada a Deus, Homem e Toda Realidade.
À primeira vista, a alegação do ateísta de que “Deus
não existe” parece ser uma simples declaração sobre a existência de
Deus. Na verdade, é muito mais.
Dizer que Deus não existe implica muitas coisas
referentes à natureza da humanidade e do universo, assim como de Deus.
Por exemplo, dizer que Deus não existe é dizer que a humanidade e todas
as coisas não são criadas, ou tiveram o seu começo, ordem e existência
continuadas por si mesmas.
Dizer que Deus não existe é dizer que as leis da
física e da biologia não foram criadas, ordenadas e sustentadas por
Deus, porém operam com ordem precisa e padrões estabelecidos (leis) por
elas mesmas. Dizer que Deus não existe é dizer que todo o amor,
pensamento e existência física das pessoas existem por si mesmos à parte
da sabedoria e poder de Deus.
Dizer que Deus não existe é dizer que qualquer coisa
e tudo tem seu começo, existência e propósito à parte de Deus. O “Big
Bang” ou diferentemente, de qualquer forma que o ateísta possa tentar
explicar a origem, ordem, e magnificência do universo, não tem nada
haver com “Deus”.
Portanto, a afirmação “Deus não existe” é muito mais
ampla que parece a princípio, já que ela se refere à natureza de tudo
que existe agora, sempre existiu ou sempre existirá. É uma alegação
dogmática do que pode ou não pode ser verdade ou realidade última. E
enquanto o ateísta possa humildemente admitir ignorância de muitas
coisas neste mundo, isto ele sabe por certo: o universo e tudo nele não
são criados, ordenados e sustentados por Deus, pois Deus não existe.
A Natureza e o Objetivo da Alegação do Ateísta em Relação ao Conhecimento, Verdade e Autoridade Suprema.
Em adição às declarações gerais relativas à natureza
de Deus, humanidade e toda realidade, alegações semelhantes são
subentendidas em relação à natureza do conhecimento, verdade e
autoridade suprema. Como os ateístas alegam existir independentemente de
Deus, assim eles creem que podem observar interpretar e fazer
declarações verdadeiras sobre a natureza do universo a parte de Deus.
Conhecimento verdadeiro, verdade absoluta e autoridade suprema para
saber e falar a verdade existe à parte de Deus. A explanação de Deus da
origem e natureza da realidade não é necessária, já que a realidade pode
ser observada e interpretada com autoridade desde a limitada
perspectiva do intérprete humano. E enquanto o ateísta possa admitir a
possibilidade de ter falsas opiniões, ao negar a existência de Deus ele
declara sua própria opinião ou interpretação da realidade como verdade
com autoridade. Por exemplo, assegurar que toda vida existe à parte do
Deus criador e sustentador é presumir a própria capacidade de alguém
fazer uma interpretação verdadeira e com autoridade da origem e da
existência final da vida.
Naturalmente, poucos teriam coragem de chamar para
si mesmos a autoridade final e determinante da verdade e a sua própria
interpretação da realidade como absoluta verdade. No entanto, os
ateístas fazem exatamente isto.[1]
Como a existência de Deus e a explicação do universo são negadas, o
limitado ponto de vista do intérprete humano é presumido ser o último
lugar de autoridade. E enquanto os ateístas adequadamente admitem sua
ignorância em relação a muitas coisas, eles permanecem certos de que
Deus não existe e que nada da realidade é criado, ordenado e sustentado
por Deus e que o limitado ponto de vista de um ser humano finito é
suficiente para fazer tais declarações autoritárias de “verdade”.[2]
Se esta suposição é sensata ou não discutiremos depois, porém veja bem
que o objetivo das alegações ateístas em relação a Deus, homem e
realidade, também se aplica à natureza do conhecimento, verdade e
autoridade final. Para assegurar a própria interpretação de alguém em
relação à origem e natureza da realidade como verdade é se colocar como a
autoridade final e determinante da verdade. Neste caso o ateísta
assumiu o lugar de Deus.
A Natureza e Objetivo das Alegações do Ateísta em Relação à Ética ou Moralidade.
Naturalmente segue que o juiz final da natureza de
Deus, humanidade, realidade, conhecimento, verdade e autoridade final
será o juiz final do certo e do errado. Assumir nenhuma responsabilidade
para Deus é assumir a opinião humana como a maior autoridade moral e a
vontade humana como livre para fazer o que quiser (submetida às
restrições feitas pelo homem). À parte de Deus, a humanidade faz as
regras.[3]
Isto não quer dizer que todos os ateístas vivem vidas imorais
comparados com o não ateísta, ou que os ateístas não têm suas próprias
razões para viver uma vida “moral”.[4]
Quer dizer que uma negação da existência de Deus é uma alegação de
independência das leis e julgamento de Deus. “Sem Deus” significa nenhum
padrão definitivo de certo ou errado, nenhuma responsabilidade final e
nenhum julgamento supremo. Portanto, as alegações do ateísta são amplas
em sua ética, estendendo para o governo moral do universo, o destino
final da humanidade após a morte e a existência da responsabilidade
final daí em diante para o mau comportamento na presente vida. Dizer que
Deus não existe é dizer muitas coisas.
___________________________________
[1] Mesmo que o ateísta admitisse que sua opinião
não fosse mais válida do que a opinião de outro, assumindo de que Deus
não existe concede autoridade final para a própria interpretação de
alguém da realidade, contudo.
[2]
Naturalmente, muitos hoje negariam que alguém possa fazer declarações
com autoridade da verdade embora tal declaração seja ela mesma um
alegação auto contraditória da verdade. A contradição é facilmente
ilustrada pela declaração exagerada: “não existe tal coisa como a
verdade, e esta é a verdade!”
[3]
Friedrich Nietzsche, um filósofo germânico do século 19 e ardente
oponente do Cristianismo escreveu que: “a virtude necessita ser nossa própria invenção, nossa própria
maior necessidade pessoal e autodefesa: em qualquer outro sentido, uma
virtude é um perigo”. “As leis mais básicas de preservação e
crescimento requerem... que cada um inventasse suas próprias virtudes” [sua ênfase]. Friedrich Nietzsche, The Anti-Christ: A Curse on Christianity, in The Anti-Christ, Ecce Homo, Twilight of the Idols, and Other Writings.
Ed. Aaron Ridley and Judith Norman, trans. Judith Norman. Cambridge
Texts in the History of Philosophy (Cambridge: Cambridge University
Press, 2005), 9-10, §11. Consistente com os princípios da teoria da
evolução, o ateísmo de Nietzsche levou à exaltação do poder: “Bom” é
“tudo o que aumenta a sensação de poder da pessoa, desejo do poder, do
poder e si” enquanto o “mal” é “tudo que é derivado da fraqueza”.
“Felicidade” é “a sensação de que o poder está crescendo, que alguma resistência foi vencida”. Não satisfação, porém mais poder, não paz, porém guerra; não virtude, porém proeza... O fraco e as falhas deveriam perecer: primeiro princípio do nosso
amor à humanidade. E eles deveriam ser ajudados a fazer isso. O que é
mais prejudicial do que qualquer vício? – Pena ativa para todas as
falhas e fraquezas – Cristianismo (4, §2). “A ideia Cristã de
Deus – Deus como um Deus do fraco (doente)... é uma das concepções mais
corruptas de Deus que o mundo jamais viu” (15, §18).
[4]
Nietzsche desprezou a moralidade Cristã, porém nem todos os ateístas
são tão consistentes com as implicações morais do seu ponto de vista
como Nietzsche. Muitos alegam uma base para a moralidade que reflete de
perto a moralidade Cristã mesmo quando sua visão de mundo afirma a
seleção natural evolucionária e sobrevivência do mais adaptado. Eles
presumem a visão de mundo Cristã mesmo quando a negam. O mesmo é verdade
da sua condução da ciência, filosofia ou outra coisa. A verdade da
visão de mundo Cristã é suposta como o universo é presumido ser ordenado
de acordo com leis uniformes e consistentes e não de acordo com caos
aleatório e imprevisível. Uma discussão adequada deste ponto está além
do objetivo deste livreto. Porém observe que o ateísta não vive e não
pode viver de acordo com uma aplicação consistente dos seus próprios
princípios professados. Ele necessariamente vive como se Deus existisse
enquanto nega Sua existência.
Originalmente publicado como: "What’s In The Box? The Unreasonable Faith Of Atheism And Agnosticism".
Traduzido por Césio Johansen de Moura. Revisado por Felipe Cruz de Melo.
Utilizado com permissão de Craig Biehl, 2011. http://bible.org Copyright ©1996-2013 Todos os direitos reservados.
O que está na caixa? A Fé Insensata do Ateísmo e do Agnosticismo [Parte 1]
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