O que pensar quando estudamos o relacionamento de um homem e de mulher que ocorreu em pleno século XIX? A maioria de nós, num primeiro momento, poderia declarar antiquado ou talvez desnecessário, uma vez que “nossos valores mudaram” ou “a sociedade evolui”. Mas não foi bem isso o que aconteceu quando vimos o primeiro artigo (se você ainda não viu, basta clicar aqui). O que percebemos é que, de fato, ainda temos ainda muito a aprender com os relacionamentos cristãos que aconteceram lá na época dos nossos avós e bisavós.
Mas isso é tema para um artigo futuro... Por enquanto, voltemos à inspiradora história de Charles e Susannah.
Por estar à frente da igreja e aconselhando espiritualmente à todos que podia, Spurgeon deu a Susannah uma cópia do Peregrino para ajudá-la em suas reflexões no Caminho. Ela disse: “eu disse a ele do meu estado diante de Deus e ele gentilmente me guiou, pelas suas pregações, conversas, pelo poder do Espirito Santo para a Cruz de Cristo, para a paz e perdão que a minha alma tanto buscava.” [1]
3ª LIÇÃO: A APROXIMAÇÃO AO CRISTO APROXIMAVA OS DOIS
Bom, esse é mais um daqueles pontos “batidos” que todos nós ouvimos. Mas é importante que sejamos atentos ao detalhe aqui: Charles e Susannah não tem absolutamente nenhum compromisso mútuo neste momento.
É muito "fácil" o rapaz ou a moça ser sábio e espiritual quando está ao seu lado depois de ter assumido um compromisso, durante os momentos compartilhados em conversas pessoais e saídas românticas. Essa aparente “espiritualidade” hoje tem tomado um caráter de “xaveco gospel” com o puro e simples intuito de repassar um imagem de “respeitoso cristão” para arrancar suspiros dos mais profundos.
Mas como é que ele ou ela se comporta quando está sozinho com os amigos? Como é que se dá o comportamento dessa pessoa em casa, com seus familiares ou, até mesmo, no trabalho, com seus colegas não-cristãos? Será que o caráter de “espiritualidade” permanece ou é tudo máscara?
Charles e Susannah não estava propositalmente conquistando-se, mas ver o Cristo refletido verdadeiramente nela e verdadeiramente nele, os fez “arriar” um pelo outro. E sabe por que? Porque eles eram apaixonados por Cristo. Ver a face Dele refletida ali, diante dos olhos, era, por si só conquistador.
Então, qual a aplicação disso? Meu amigo e minha amiga, se o outro só passou a ser “espiritual” depois que vocês começaram um relacionamento, aí tem coisa. Se vocês primeiro se aproximaram para só depois buscarem se achegar a Cristo a coisa toda está invertida. Cristo não pode ser o muro de um relacionamento como uma simples regra se ele não for, antes disso, o próprio alicerce. Todo aquele que busca a Cristo como um mero regulador sem que Ele seja antes seu Senhor, pode até adquirir a aparência de santidade, mas na verdade estará desenhando para si e para o outro apenas mais um modelo farisaico de religião.
Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes. São estes os que se introduzem pelas casas e conquistam mulherzinhas sobrecarregadas de pecados, as quais se deixam levar por toda espécie de desejos.2 Timóteo 3:2-6
Vamos em frente que a história agora ainda fica melhor!
A amizade entre os dois crescia a cada dia até que, em junho de 1854, Charles lhe revelou seus sentimentos. Eles iniciaram um período de corte onde Charles e Susannah aprofundavam seus desejos pelas coisas do alto, e esse desejo espiritual se torna evidente nas linhas que ele escreve para a sua amada logo antes do casamento: “Querida, comprada pelo sangue do Salvador, você é para mim um presente Dele, e meu coração está transbordante com o pensamento de contínua bondade… o que quer que sobrevenha a nós, problemas ou adversidades, doença ou morte, nós não precisaremos temer uma separação final, seja um do outro, seja do nosso Deus.”[2]
4ª LIÇÃO: O TEMPO APAGA A CHAMA FALSA E AVIVA A CHAMA VERDADEIRA
Aqui, eu preciso fazer um adendo, sabe aquele momento que falamos no artigo anterior onde Susannah viu Spurgeon pela primeira vez em sua vida? Pois é, aquilo aconteceu em dezembro de 1853, o que significa que o Príncipe dos Pregadores levou, nada mais, nada menos do que seis longos meses para poder se declarar à sua amada. Ah! Como precisamos aprender com este exemplo!
Quantas vezes não apressamos em nos declarar, com medo que aquela pessoa seja conquistada por outro alguém? Quantas moças não ficam ansiosas em serem logo “resgatadas” de suas vidas de solteiras com poucas semanas que conheceram um rapaz interessante na igreja? Quantas vezes não tentamos nos aproximar ao máximo do outro para estabelecer o mais rápido possível uma cumplicidade? Qual o nosso pensamento quando o outro, que está parecendo gostar de nós, não se declara imediatamente?
É claro que existem situações onde isso que falei acima acontece naturalmente, mas precisamos ser sinceros: em algum momento nós já passamos ou causamos pelo menos uma dessas situações de uma forma, digamos, forçada.
Precisamos entender que nenhum relacionamento profundo pode surgir de uma amizade rasa e que não adianta, por mais que estejamos ansiosos, apressar os passos do amor. Não conhecemos o amor plenamente, pois Deus é amor e importa-nos conhecer mais do outro antes de abrir a boca para declarar uma paixão que queima em gravetos secos. É pela manifestação da graça, da misericórdia e da bondade do Senhor, na vida da outra pessoa e no relacionamento dos dois, que o nosso coração irá queimar em chamas que nem mesmo um oceano de dificuldades poderá apagar.
Coloque-me como um selo sobre o seu coração; como um selo sobre o seu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte, e o ciúme é tão inflexível quanto a sepultura. Suas brasas são fogo ardente, são labaredas do Senhor. Nem muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem levá-lo na correnteza. Se alguém oferecesse todas as riquezas da sua casa para adquirir o amor, seria totalmente desprezado.Cânticos 8:6-7
Esta série iria acabar aqui, mas eu escrevi muito mais do que deveria e precisei separar alguns “extras” para poder publicar amanhã, então, nos vemos no final dessa odisseia: a Parte 3!
P.S. Como nunca é demais lembrar das maravilhas que homens de Deus tem se esforçado para nos proporcionar na forma de conteúdo de qualidade na Internet. Deem uma lida nos sermões e textos do Spurgeon disponíveis no Projeto Spurgeon. É graças ao agir de Deus na vida de homens como o Armando Marcos que hoje nos é possível saber tanto mais sobre a vida do Príncipe dos Pregadores.
P.S. Como nunca é demais lembrar das maravilhas que homens de Deus tem se esforçado para nos proporcionar na forma de conteúdo de qualidade na Internet. Deem uma lida nos sermões e textos do Spurgeon disponíveis no Projeto Spurgeon. É graças ao agir de Deus na vida de homens como o Armando Marcos que hoje nos é possível saber tanto mais sobre a vida do Príncipe dos Pregadores.
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[1] Confira a referência biográfica completa em http://www.mulherespiedosas.com.br/licoes-casamento-spurgeons/
[2] Idem
Lições sobre relacionamento: Charles e Susannah Spurgeon - Parte 2
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