O que é a religião? É Deus colocando-Se em comunicação com o homem, o Criador com a criatura, o infinito com o finito - Charles Spurgeon
Hoje em dia, o termo “religião” é muito mau visto e utilizado, entre incrédulos e crentes: Irei enumerar apenas algumas considerações sobre o uso do termo, e considerar o verdadeiro e legitimo uso pelos cristãos.
I. Jesus é a unica religião verdadeira no sentido pleno
Os antigos reformadores e posteriormente os protestantes costumavam distinguir em seus escritos e tratados claramente entre a "religião verdadeira" e a "religião falsa": é comum ler, por exemplo, obras de Calvino, John Wesley, George Whitefield, John Bunyan e Spurgeon, só para citar alguns de diversas épocas, e notar onde aparece claramente essa distinção. No século XVI e XVII, o papismo era sempre atacado como a religião falsa que usurpava o nome de cristianismo, e as outras religiões (normalmente os antitrinitarianos, turcos e indios) como aquelas que legitimamente estavam trilhando o caminho da falsa religião aberta. Porem, ainda assim, a ideia de "religião" não era rejeitada, principalmente depois do século XVIII com o florescimento do Iluminismo e do Ateísmo.
Hoje em dia, porem, o termo religião é visto de forma quase sempre negativa, mas se avaliarmos corretamente, ele somente é aplicado verdadeiramente no cristianismo em Cristo. O termo "Religião", segundo o Wikipedia, significa do latim: religare, religação com o divino, só que sempre teve a ideia de forma de espiritualidade, à parte do "secular": na propria página do Wikipédia diz apos a definição:
é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e os valores morais.
No caso do cristianismo, é sim isso, mas MUITO além disso! Pois hoje a ordem é invertida e mal vista: desde o século XIXe XX principalmente, é visto por muitos como "a busca do homem de se religar a Deus": porem, a religião verdadeira é JUSTAMENTE o contrário! A religião falsa, essa sim, tenha a ideia religiosa ou que negue essa, é a que coloca o homem depravado e morto pelo pecado num falso caminho de sozinho ou com uma força própria falsa, no caminho direto dessa "re-conexão". Porém, só Jesus é que "religa" o homem caído a Deus, só pelo caminho de Cristo, que é o próprio Cristo, que seguimos a essência da palavra religião! (João 14:6)
Voltando ao sentido histórico, a religião verdadeira é aquela única em que Cristo é o caminho, e a única que segue os preceitos de Cristo acima dos humanos: e nesse sentido, é o contrário da práxis do Catolicismo Romano, que colocou a opinião de Pais da Igreja, Concílios e da volatilidade da tradição oral como caminhos igualmente inspirados da verdadeira religião
II. Tiago define a verdadeira religião
Em Tiago 1:26-27 diz:
Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã. A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.
Isso tem tudo haver com a prática coerente com a religião verdadeira: demostra uma mudança de coração, o coração regenerado por Cristo pelo poder do Espírito (João3) o amor ao próximo e se afastar do que o mundo nos oferece que nos contamina (1 João 2) : lógico que não somos ainda perfeito como seremos depois, na Glória em Cristo, mas isso não exclui a teologia correta da prática da religião verdadeira, que só pode vir de um coração regenerado e posto agora sim na "religião verdadeira" de Cristo e por isso mesmo, o mostrando em atos e em ações, como o próprio Cristo verdadeiramente ensinou e exemplificou. Em suma, a declaração de Tiago não contradiz as explanações de Paulo, Pedro e Cristo mesmo, por exemplo. Porem, não é desculpa para o desleixo.
III. A religiosidade é formalista: é mesmo?
Hoje em dia, o termo religiosidade tomou a forma de algo ruim e formal: os maiores exemplos nesse sentido são os fariseus e saduceus, e depois, com os séculos, aqueles praticantes de ritos que não condizem com a realidade bíblica e com a coerência entre fé e obras (professa uma coisa e pratica outra.)
Sim, nesse sentido, sempre houve a há religiosidade, mas essa é uma falsa religiosidade: a verdadeira religiosidade tem a ver com o comprometimento da verdade e na prática de boas obras que glorifiquem a Deus em amor: não pode-se sobrepor uma sobre a outra : não podemos valorizar demais a ortodoxia que não se preocupa com a vida prática, e nem desprezar a teologia e fé baseada na revelação de Deus, a Bíblia, por sobre essa.
IV. O argumento "da falsa religião" é usado de forma descontrolada
Muitos, assim que contestados sobre alguma prática nova ou novidade religiosa e interpretativa, logo recorrem ao argumento da religiosidade como argumento de defesa e de ataque: porem, como já dito antes, ele não pode ser usado a torto e a direito, pois é contra o uso e definição do cristianismo, bem como contrária até mesmo a história clássica protestante.
V. Uma reposta a uma possível contra-apelação
Alguém pode argumentar com o fato de Paulo ter dito "Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu "(Atos 26:5)
Em relação a isso, pode-se afirmar exatamente que a religião de Paulo, a farisaica, no sentido do termo em si, era uma falsa religião, pois de acordo com vários princípios, se baseava:
a) Em falso zelo (Romanos 10:2)
Hoje em dia, o termo religiosidade tomou a forma de algo ruim e formal: os maiores exemplos nesse sentido são os fariseus e saduceus, e depois, com os séculos, aqueles praticantes de ritos que não condizem com a realidade bíblica e com a coerência entre fé e obras (professa uma coisa e pratica outra.)
Sim, nesse sentido, sempre houve a há religiosidade, mas essa é uma falsa religiosidade: a verdadeira religiosidade tem a ver com o comprometimento da verdade e na prática de boas obras que glorifiquem a Deus em amor: não pode-se sobrepor uma sobre a outra : não podemos valorizar demais a ortodoxia que não se preocupa com a vida prática, e nem desprezar a teologia e fé baseada na revelação de Deus, a Bíblia, por sobre essa.
IV. O argumento "da falsa religião" é usado de forma descontrolada
Muitos, assim que contestados sobre alguma prática nova ou novidade religiosa e interpretativa, logo recorrem ao argumento da religiosidade como argumento de defesa e de ataque: porem, como já dito antes, ele não pode ser usado a torto e a direito, pois é contra o uso e definição do cristianismo, bem como contrária até mesmo a história clássica protestante.
V. Uma reposta a uma possível contra-apelação
Alguém pode argumentar com o fato de Paulo ter dito "Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu "(Atos 26:5)
Em relação a isso, pode-se afirmar exatamente que a religião de Paulo, a farisaica, no sentido do termo em si, era uma falsa religião, pois de acordo com vários princípios, se baseava:
a) Em falso zelo (Romanos 10:2)
b) No judaísmo caduco depois Cristo (pois em Cristo a as promessas são cumpridas e os sacrifícios expiatórios sem mais necessidade, pelo cumprimento em Cristo)
c) No apreço por obras como garantia e direito da salvação (Efésios 2:9)
d) Pela falta de amor e falta do conhecimento de Cristo e de sua salvação (no sentido espiritual e escriturístico, pois ele certamente soube da crucificação de Cristo)
Com isso, espero ter mostrado um pouco que o uso do termo religião pelos protestantes deve ser mais bem avaliado. Muito mais pode ser desenvolvido sobre esse ponto, mas no momento é uma breve explanação: não tenho a intenção de com isso afirmar o formalismo e a falsa cristandade de ninguém Busque a Cristo, olhe para Cristo, e Ele lhe vivificará e assim você edificará sobre a pedra da verdadeira Religião, e não sobre a areia em que todas as falsas religiões estão alicerçadas.
Originalmente publicado em: "Sobre o uso do termo "religião" entre os protestantes".
Escrito por Armando Marcos Pinto.
Utilizado com permissão expressa do autor.
Sobre o uso do termo "religião" entre os protestantes
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